100
É um número gigante e pequeno. É muito e pouco. Tudo depende de contexto e de parâmetros. Fiquei pensando que tinha que fazer uma edição especial pra comemorar a centésima carta (que nasceu no MailChimp e depois migrou pro Substack na edição 71) e não sabia muito bem o que falar sobre isso, ou se tinha mesmo algo tão grande pra compartilhar. Então, pensei que se a gente dá importância pra esses números por diversos motivos, também poderíamos relevar.
Claro que eu sou dessas pessoas que atribui valores aleatórios pra coisas aleatórias (corta pra cena onde eu estou colando rótulo de vinho no sketchbook), como todos nós, mas assim como eu não sou super empolgado com meu aniversário, essa newsletter nº 100 também não me suscitou uma jornada emocional. É parte de um processo, de uma história bonita, de algo que eu faço com muito carinho torcendo pra que todos que recebem gostem, torcendo pra que mais pessoas se interessem e acompanhem.
Acho que é parte do processo a gente entender que esses grandes marcos vão ficando mais leves conforme a vida vai se tornando mais longa e repleta. Como disse numa edição anterior, “o tempo medido em décadas” é diferente de quando éramos super jovens e os dias tinham 24 MIL HORAS. ;)
Então, usando o título da carta (e de mais coisas que estão abaixo), preparei coisas mas sem hype extremo. Relaxa. É mais uma, uma das boas, e que venha muito mais. Continuamos em frente, em constante construção e descobrindo os caminhos.
Eu agradeço de coração a VOCÊ que assina e lê! Significa muito pra mim, nesse internet infinita, que você se interesse por me acompanhar aqui, e talvez nas outras redes também (você me encontra nas versões Youtube, Bluesky e Instagram!).
Vamos então pras novidades?
QUADRINHO BRASILEIRO NO BERÇO DA AVIAÇÃO
Deu Brasil na Cradle Con!
Evento bem bacana no Museu Cradle of Aviation. Rever velhos conhecidos (já estamos virando figurinhas carimbadas de eventos por aqui, haha) e conhecer muita gente nova!
Quero deixar um abraço especialmente para a Vitória, amiga e cosplayer brasileira que também mora nessa ilha comprida muito doida. A gente pôde colocar o papo em dia e compartilhar os perrengues e benesses de morar noutro país (mais especificamente, ESSE país com ESSE governo).
Uma das coisas mais legais for ter vários latinos e filhos de latinos vindo conversar comigo por causa do pôster do Chaves e Seu Madruga. É impressionante o poder e alcance que Chaves tem entre nós, mas é algo que funciona pra América Latina mesmo, porque pros americanos, não cola.
Legal demais, também, vender artes originais pra pessoas que realmente gostaram delas. Eu não faço muitos originais ultimamente, e quero achar um lance nesse meio que vai além do que eu ando fazendo. Mais expressivo, mais autoral, mais meu.
Meu agradecimento também vai aos organizadores do evento, meus colegas artistas e produtores de conteúdo e à Monica, minha parceirona!
O museu é muito, muito bacana. Além do óbvio foco na história da aviação (porém sem Santos Dumont, estamos de olho), há uma seção cheia de máquinas antigas de fliperama, indo de PONG a jogos mais modernos, mas de fato parando lá pelo começo dos anos 90. Quanto aos aviões, tem modelos, réplicas e um monte de coisa original. Pra quem curte o tema, é um prato cheio de verdade. Eu sou só curioso e já quero voltar lá sem ser um evento, pra poder ver o museu com calma.
Mentira, o que eu mais quero mesmo é jogar os arcades antigos. X-Men que me aguarde!
Ano que vem, bora de novo? Bora.
FÉRIAS É UM CONCEITO MALEÁVEL
Férias é algo que só existe se eu imponho que ela exista, e mesmo assim, é possível que seja só uma pausa entre muitos projetos em estágios diversos de produção, ou nem mesmo uma pausa total (ano passado, durante a viagem pra Vegas, Grand Canyon e demais maravilhas geográficas, eu fiz umas arte-finais aqui e ali). Costuma ser difícil estar 100% de férias por muito tempo porque na vida de um artista como eu, se a gente para de nadar, afunda.
Porém, é preciso saber quando dar uma pausa, dosar a energia que se dedica. Neste fim de semana tem o feriado prolongado do Memorial Day (feriado gringo que eu não faço ideia do que representa) e eu, Monica e mais três casais de amigos brasileiros, vamos sumir do mundo por uns dias. É um lugar afastado, muito aconchegante no meio de árvores e um lago.
Essa semana, termina o semestre da Monica na Stony Brook University. O semestre de primavera é sempre mais pesado pra ela por conta da disciplina Latin America Today (na qual, em 2023 e 24, dei palestras sobre HQ brasileira). Esse primeiro semestre foi, pra mim, de algumas conclusões importantes: já tinha terminado e entregue minha parte da graphic novel do Projeto INKS no fim do ano passado, mas precisamos retomar pra alguns ajustes editoriais e na arte. Também produzi, editei e publiquei o Absence. Fui a vários eventos.
Tá todo mundo meio cansado e um pouco apreensivo com a situação do mundo e num mundo acadêmico, fim de semestre tem esse valor especial. Vamos aproveitar essa viagem pra recarregar as baterias e fortalecer laços entre os brasileiros que têm, uns nos outros, um suporte importante nesse contexto. Vai fazer bem pra todo mundo. Depois te mostro umas fotos!
(Se eu levar coisas pra desenhar, não vai ser pra trabalho! Prometo.)
Interessante que essa coisa de sair pra passear e curtir umas mini-férias tem como mantra o título do meu último caderno (e dessa carta):
DA PRANCHETA - Mais um caderno finalizado!
Essa última semana, finalizei o caderno 67, intitulado “Prepare, Chill Out”. Começou em 18/2 e terminou em 12/5.
Esse foi um Moleskine, como o anterior e como o próximo, que eu já comecei. Acabei escrevendo na página de rosto “Trilogia Moleskine”. Sei lá, decidi usar os três cadernos que vieram no pack. Por um lado, a “brincadeira” de ter uma trilogia de cadernos iguais, por outro, pra que eles acabem logo, haha.
Muita gente coloca os Moleskines em alta conta, e eu sinceramente não acho um caderno tão especial assim. São estiloso, claro. Essa identidade visual da marca e o design dos cadernos são bem legais, mas eu realmente não acho que o papel seja grandes coisas. Dia desses fui testar umas cores com aquarela e a mancha ficou horrível. Podia aguentar um pouco melhor a água, mas eu sei que não é pra isso que ele é indicado. Só que aí, quando vou usar nanquim, a mancha fica tão feia quanto. ei lá, tem cadernos com papeis melhores (pelo menos pro meu gosto e uso) que custam menos e têm menos hype. Aqui eles já costumam ser caros, no Brasil, então, vishmaria.
Em breve terei o prazer de usar sketchbooks artesanais feitos especialmente pra mim pela Marta, equatoriana que fez doutorado aqui na Stony Brook University e virou amiga nossa. Ela tem feito umas encadernações muito bonitas e nenhum caderno é igual a outro. Estou curioso pra ver como ficaram os meus!
OK, algumas páginas do finalizado 67 para você:
Folha de rosto:
Primeira página:
Outras:
Última página:
Se você curte ver meus desenhos de sketchbook, recomendo assistir os vídeos da série Sketchbook Tour, no meu canal. Já tem 31 vídeos de cadernos de diversos intervalos da minha vida, começando com o primeirão de 2004, até o mais recente, de 2023. O último caderno publicado lá foi o Caderno 32 - Toda Linha Altera o Código.
Bom, é isso! Nos falamos mais na próxima.
Para ler todas as edições anteriores:
ARQUIVO QUEBRA-CABEÇA