PROJETANDO
Então, desde ano passado venho cozinhando algumas ideias pra novas histórias. Até agora tenho 5 projetos, uns mais desenvolvidos que outros, mas todos me deixam empolgado.
Cada vez que vem uma ideia eu abro o Notion e anoto na página do projeto. Muitas vezes, isso desbloqueia mais ideias e conforme eu me permito continuar, a coisa flui. Vou até chegar num ponto de quase esgotamento. Ai fecho e vou fazer outra coisa.
É preciso abrir espaço, permitir espaço pra esses momentos criativos. A vida é muito cheia de coisas. Eu sempre sinto que tenho mais coisas pra fazer do que tempo e energia, imagina se considerar que eu quero desenvolver vários projetos extra em paralelo?
Ontem, não relacionado com os projetos, mas me dei um tempinho pra desenhar no caderno e, sem brincadeira, preenchi umas 16 páginas. Nada muito memorável, como deve ser, mas rolou nanquim com pincel, desenhar com duas canetas ao mesmo tempo e lápis grosseiro. Foi bem legal.
Agora, pensando no termo “projeto”, que eu usei pra falar desses… bom, projetos, me lembrei de um professor da graduação em Artes Visuais, o Márcio Périgo (gigante da gravura, aliás). Ele foi meu professor de Marcenaria, vejam só, acho que enquanto estava no processo pra ser contratado pela Unicamp. Então, tive “aula” de oficina de madeira com um gravurista (e ele nem é xilogravurista, diga-se). Nas primeiras aulas, ele falou sobre projetos. Orientou a gente a fazer um tipo de livretinho pra anotar todas as ideias, rascunhos, referências (um tipo de sketchbook menos gourmetizado). E numa as aulas ele falou algo que eu nunca mais vou esquecer:
Projeto vem de projetar. Ou seja, lançar pra frente.
Não vou lembrar as palavras exatas dele, então segue uma releitura minha:
Não é começar a produzir algo sem saber o que vem pela frente, é planejar o caminho, as etapas, as necessidades e desafios. Enquanto você projeta, está meio que sonhando com o que virá a ser e pode com isso testar possibilidades e fazer um plano para executar suas ideias. Quanto melhor o projeto, melhor o caminho pra produzir.
Com o tempo, e a experiência, eu fui ficando mais e mais proficiente e organizado. Eu sempre advoguei em minhas aulas e palestras pela organização, porque a ideia de artista doido e desorganizado que produz de acordo com as flutuações da inspiração, pra mim, é besteira. Um profissional precisa se organizar e dominar muitas áreas (legais e chatas), e ter um processo bom de organização é essencial ao meu ver. Então, quando falo desses projetos todos, são coisas em andamento, sendo gradualmente planejadas para que, quando chegue a hora, a execução seja ideal. Isso me lembra, também, de uma mensagem de biscoito da sorte que eu também nunca esqueci:
“Para corta a árvore em metade do tempo, leve o dobro do tempo afiando o machado.”
Que coisa linda. Vou trabalhando aos pouquinhos por aqui, projetando sonhos e afiando machados. Logo você acaba sabendo mais sobre essas coisas, afinal a newsletter é o melhor lugar pra estar por dentro de tudo que faço e sonho.
FALANDO EM PROJETOS
Essa semana aproveitei que já tinha irado o nanquim e os pincéis do ostracismo e decidi que era hora de começar a produzir algo pra um dos projetos. Em vez de esperar e ter todas as páginas layoutadas ou mesmo desenhadas no lápis, pensei que poderia aproveitar a energia pra começar pelo mais fácil: duas páginas que são basicamente um fundo preto.
Esse grande retângulo preto poderia ser facilmente (e rapidamente) resolvido no digital. Sem brincadeira, é coisa de 3 cliques. Até as manchinhas brancas seriam fáceis, porque há brushes pra isso, e o fato de poder trabalhar em camadas e usar o Ctrl+Z torna a experimentação mais livre.
Só que eu inventei que esse projeto vai ter as páginas totalmente tradicionais: papel, lápis, nanquim, tinta branca. O que der certo deu, e vice-versa. As manchinhas brancas não saíram como eu esperava, e essa imprevisibilidade é interessante num período em que eu faço tanta coisa no computador.
Um parêntese pra dizer que eu ando lendo o livro do Rick Rubin (O Ato Criativo: uma forma de ser) e em vários momentos ele aconselha a deixar a experimentação correr sem se preocupar com o que vai dar certo. É, ao meu ver, uma forma de equalizar o controle que a gente desenvolve nos materiais, linguagens e estilos, com algo vivo e imprevisível que pode trazer coisas interessantes ou mesmo problemas que precisam ser resolvidos, incorporados e, se for o caso, descarta tudo e faz de novo.
Então, é mais um caso de permitir espaço para fazer, fazer aos poucos sem ansiedade, confiar no instinto e revisitar as velhas habilidades. Esse projeto é bem legal e deve sair até o fim do ano.
PS.: Depois de uma sessão de desenho com pincel e nanquim na terça, eu tive que usar a mão esquerda pra abrir meus dedos e soltar o pincel. É preciso cuidar da saúde do seu corpo pra ser um artista longevo. Foi depois de fazer esse Motoqueiro Fantasma, nada a ver com o projeto em questão:
DA PRANCHETA:
Bom, falei das muitas páginas da mais recente sessão de desenhos no sketchbook, então aqui estão algumas:
#PUBLI:
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ARQUIVO QUEBRA-CABEÇA