Essa é a primeira carta enviada pelo Substack, substituindo o MailChimp. A numeração vai continuar para honrar as edições anteriores, que continuam disponíveis para leitura no link que está no final da Newsletter. Apesar de achar que o layout é bem inferior em termos de design ao anterior, acredito que mudar para o Substack é uma boa escolha, especialmente considerando que o ano está "começando" - OK, já é fevereiro. Estou enfrentando minha indisposição a mudanças ao migrar de plataforma e espero que funcione bem. Ainda vou enviar a mesma carta pelo MailChimp dessa vez, para avisar todo mundo da mudança e dar a chance para quem ainda não veio pro Substack fazer a assinatura (é grátis, claro). Se você assina as duas, não se preocupe que a carta vai chegar. Fique de olho na marcação de spam, para evitar que a newsletter se perca no limbo. Espero que esteja bem e que o período de festas de fim de ano tenha sido muito especial. Também já deixo o desejo reforçado de um ano maravilhoso e cheio de coisa boa para todos nós. Vamos aos assuntos da vez?
BRAS/ZIL
Como falei na edição anterior, eu e Monica fomos pro Brasil para as festas de fim de ano! Faz muito tempo que não escrevo a newsletter, e as coisas que eu poderia contar aqui só aumentam, a ponto de perderem o timing ou passarem por uma edição interna e acabarem sendo entendidas como experiências que são para ser vividas no momento e não necessariamente relatadas nesse contexto. Basta dizer que foi muito, mas muito legal. E caótico. Cansativo. Divertido. Cheio de amor e alguns estresses, como sempre é e será nesse tipo de experiência.
No meio desse tudo ao mesmo tempo agora, pudemos compartilhar nossas histórias, aventuras e perrengues, o que temos aprendido sobre nós mesmo, sobre as pessoas que orbitam nossa vida, sobre nós como casal. Eu sempre digo que tem sido uma experiência muito interessante e que, tirando a média de tudo, o saldo é muito positivo (ainda que não tão positivo quanto muita gente pode achar, tem toda uma expectativa e ilusão sobre morar nos EUA que não é bem assim, mas isso fica pra outras edições).
Deu para ver muitas pessoas especiais. Famílias e amigos, não todos que queríamos ver, mas os que pudemos ver. Eu entendo que a gente tem que fazer o que pode, dentro das condições, e respeitar as condições e limites dos outros. E apreciar o tempo que temos juntos. Não é descaso, é uma compreensão leve das coisas. Eu não pude ver pessoas muito queridas, por motivos diversos, mas nunca por falta de carinho ou vontade.
Dos destaques, o maior de todos foi passar momentos muito especiais com minha família, especialmente meu sobrinho, Pedrinho. Li muito quadrinho brasileiro (a pilha dos recebidos tava imensa, e não consegui ler todos!). Fui em bares. Ri muito. Fiz ressonância magnética de controle pra Coisa Lá Dentro (uai, não sabe do que se trata? Veja aqui) - e adianto que tá tudo bem, graças! Comi comida boa demais. Nadei em piscina e no mar - uma ótima praia por um fim de semana (voltei branquelo ainda).
Agora, de volta em terras gringas, já recomeçamos a vida daqui. Nevou no dia seguinte à nossa chegada, ficou tão bonito… E dá aquela sensação estranha de estar vivenciando uma experiência meio alienígena, algo que eu só via na ficção e que parece estranhamente familiar. Aproveitei essa paisagem e o retorno dos passarinhos bonitos (que parecem de mentira) pra tirar o pó da velha câmera fotográfica.
As aulas na SBU começaram semana passada, esse semestre de primavera é mais exigente pra Mo. Mas ela vai dar conta porque ela é incrível. Eu já estou trabalhando nas minhas coisas, mentorias, ilustrações e quadrinhos. Ainda não voltou tudo 100%, mas o trem já começou a andar. Eu ainda acho que tem coisas para lapidar e mudanças vão acontecer nos próximos meses. Meu processo criativo, essa quimera, continua me dando perguntas que eu não sei responder e certos vazios ainda me incomodam. Parte do meu processo agora é entender, planejar e saber esperar, sem me perder em ansiedades e questionamentos infinitos.
Deixar as coisas fluírem e agir onde é pra agir.
Centenas de Partes de Mim
É com muito orgulho que posso contar uma novidade, dessas coisas que fazem o trabalho com quadrinhos valerem tudo que invisto nele. Esse ano, duas redes de colégios adotou meu livro Parte de Mim como material paradidático! Seguindo o que já tinha rolado em 2023, o Colégio Lourenço Castanho, em São Paulo, adotou o livro mais uma vez, para quase 200 alunos. Ano passado particcipei virtualmente de algumas aulas, falando sobre meu trabalho, sobre quadrinhos e arte, linguagem e respondi as dúvidas deles. Trabalhos e projetos foram desenvolvidos com os alunos, baseados nas leituras do meu livro.
Em 2024, a rede do Colégio Progresso também adotou o livro, levando a tiragem desse ano para uns 600 exemplares. Agora, imagina que a primeira tiragem do livro, quando fiz o Catarse em 2021, foi de 500 exemplares, e no fim de 2022, já estava se encaminhando para esgotar… É uma honra, um privilégio. São centenas de alunos que terão contato com meu trabalho, especialmente este livro que é tão importante, por ser uma coletânea retrospectiva de 15 anos da série.
Mais importante, são jovens leitores que vão ter contato com história em quadrinhos fora do eixo mainstream/ mangá/Turma da Mônica, etc. É quadrinho autoral, brasileiro, independente. Se alguns deles se interessarem a ponto de buscar conhecer mais, todo mundo ganha.
Atualmente, não é possível comprar os meus livros impressos (estou morando fora, né), mas todos estão disponíveis em formato digital na minha loja.
QUARTO MUNDO E A REVOLUÇÃO DO QUADRINHO INDEPENDENTE BRASILEIRO
O Quarto Mundo foi um coletivo de autores independentes brasileiros, que chegou a ter uns 100 membros de todas as partes do país. Foi uma fase incrível para os quadrinhos nacionais, talvez uma das mais importantes de todas e definiu muitos dos rumos que nossa cena tomou nos anos seguintes. Eu fiz parte desse coletivo desde 2008 até o fim, em 2012. Fiz um depoimento sobre isso no meu canal:
Aproveitando o momento, quero divulgar a pré-venda do livro que celebra o Quarto Mundo com um dossiê sobre o histórico e que traz 37 HQs dos autores do grupo que a Editora Heroica vai publicar! Está no ar no Catarse, aqui.
Além de participar no processo editorial, tem duas HQs minhas na seleção. Também assino a ate da capa, que é inspirada numa ilustração do grande André Caliman.
YOUTUBE - DIÁRIO DO GRANDE VAZIO
O novo vídeo da série Sketchbook Tour, lançado recentemente, traz todas as páginas e segredos do meu décimo caderno de desenho. Em meio à pesquisa sobre os quatro elementos e rascunhos dos primeiros freelas de ilustração, muita melancolia e tentativas de entender o mundo e o vazio em torno. Foi uma época complicada. Assista aqui:
NA PRANCHETA
Desde que voltei do Brasil, tenho tentado desenhar todo dia um pouco. Entre digital e tradicional, alguns foram publicados no Instagram. Meu favorito foi esse Cavaleiro da Lua, que é digital mas foi feito pensando como se fosse tradicional:
No sketchbook, tento me soltar e desenhar sem grandes expectativas, seguindo o instinto em relação ao que desenhar e que materiais usar. Abaixo, só para você que assina a carta, uns estudos com marcadores em tons de marrom e salmão:
Enquanto isso, reativei dois projetos que estavam dormentes. Estou trabalhando numa nova/velha HQ. Como muitos dos meus projetos, ficou um tempão cozinhando no segundo plano, mas de dois pra cá, aconteceu.
Tem sido interessante, quero fazer um vídeo para falar desse processo. Não é apenas redesenhar, nem reescrever. Talvez seja os dois, mas a partir de uma resignificação e, espero, de um level-up interno.
Mais informações virão em breve, mas segue uma amostra. Se você me acompanha há mais tempo, talvez reconheça…