Aconteceu: tiramos férias de verdade pra viajar! Durante a viagem toda, o trabalho continuou em teoria, então andei meio sumido.
De volta da antecipada e necessária viagem de férias, mal chegamos em casa e já começamos os preparativos para a próxima: renovar o visto no Brasil.
Depois de muito esperar pelos documentos, contratos e informações necessários, agora é a hora. Vai ser rápido mas vamos respirar ares tupiniquins por uns dias.
Enquanto isso, fiquem com as últimas novidades:
PAISAGENS ANCESTRAIS ALIENÍGENAS E O MAIOR CALOR DO UNIVERSO
Essa viagem de férias foi incrível! Vimos paisagens absurdas, cheias de história. Rodamos centenas de quilômetros dirigindo por aquelas highways no meio do nada. Jogamos nas doidas máquinas dos cassinos. Comemos muito bem. Sentimos o mais calor do universo. Cansamos e descansamos. Teve até um sítio arqueológico com pegadas de dinossauros. Foi massa.
A viagem começou em Las Vegas. Mais por ser um ponto estratégico pra se visitar o Grand Canyon do que pela doideira das luzes e cassinos, mas claro que demos nosso rolê pelos hotéis opulentos e seus cassinos hipnotizantes que cheiram a cigarro (eca!). Perdemos uns dinheiros, mas recuperamos parte dele e o que importa é que foi muito divertido.
Nossa viagem de fato foi para conhecer vários pontos emblemáticos da paisagem do deserto da região entre os estados de Nevada, Utah e Arizona. Nosso roteiro, resumidamente, foi: Grande Canyon (West Rim), depois a cidade de Page, onde visitamos Horseshoe Bend, Lake Powell e Antelope Canyon. Depois, road trip para Monument Valley. Na volta pra Vegas, Zion National Park.
Essas paisagens são tão impressionantes que mal cabem em palavras. Não cabem em fotos. Quer dizer, até cabem, mas tudo parece muito menos impactante nas fotos do que na vida real, então imagina essas fotos elevadas à décima potência.
A sensação de ver esses lugares é estranha: é ancestral, formações que aconteceram tanto tempo atrás e quando as primeiras pessoas a encontraram, elas já eram tão antigas quanto a vida. E por isso, causam essa sensação de respeito e reverência. Não é a toa a relação que os indígenas têm com elas.
Tudo parece tão colossal e antigo que a sensação é que estamos contemplando algo alienígena, fora da Terra. Como se fossem as ruínas de civilizações desconectadas da nossa experiência de mundo, numa escala muito maior que a nossa. Aquelas pedras estão lá há séculos, milênios. Eu estou aqui há quase 40 anos e acho que isso é muito. É uma experiência que resignifica nosso tamanho e relevância frente ao todo.
Tem o silêncio, também. Claro, eliminando os ocasionais pássaros ou carros e caminhões que levam turistas e os próprios comentando embasbacados o que vêem, é um silêncio impressionante. Aquilo simplesmente é, aquilo tudo está e o tempo funciona diferente naquele espaço. Fazia muito tempo que eu não via um lugar tão amplo, tão aberto, tão gigantesco. Eu tirava os óculos às vezes, sé pra não ter a moldura das lentes limitando minha “tela”. Aquilo sim é Imax.
Eu acho doido, insano, maior do que consigo compreender. É meio lovecraftiano. Seria preciso uma vida inteira pra entender como aquilo tudo aconteceu, como é formado e como se modifica ao longos dos séculos, que tudo aquilo independe de nós desde sei lá quando e vai estar ali daqui muito tempo.
IT CAME FROM THE RADIO (AGAIN)
Semanas atrás, dei uma entrevista pra um programa de rádio. Já tinha saído a versão em vídeo, e agora o programa oficial mesmo foi lançado nas plataformas de streaming e podcasts! Você pode ver aqui, no site do programa, todas as opções, mas já separei aqui embaixo as duas mais famosinhas.
Spotify:
Apple Podcasts:
HOMEM VERSUS MAÇÃ, Round 2
Continuo no processo de me adaptar ao iPad. Comentei na carta anterior que tinha finalmente comprado um e que ia falar mais disso, e aos poucos vou atualizando. Está nos planos um vídeo sobre isso também, e o mote é “usando pela primeira vez”. Afinal, depois de vinte anos usando PC desktop e Windows, 12 de Wacom Cintiq e 4 de Huion, agora eu uso um laptop da Apple (com a Huion) e, mais recentemente, um Ipad.
É estranho, é diferente, é muito bom e meio desconfortável, como quase tudo que é novo. Eu fico impressionado com a potência e as possibilidades que essa plaquinha de metal e vidro tem. Eu ainda prefiro, sinceramente, sentar numa mesa com um computador bom e um display gráfico sem touchscreen, mas claro que isso pode ser os mil anos de prática confortável.
Pra quem usa coisas da Apple há muito tempo isso pode parecer mimimi (afinal, todo mundo diz que a Apple é excelente em tudo e eu entendo o motivo), mas me deem uma chance aqui, tudo isso é novo e tem coisas que eu prefiro do “jeito antigo” (alerta de véio).
Durante a viagem de férias levei o Ipad, porque tenho projetos em andamentos e não poderia pausar tudo por tanto tempo. Acabou que eu só desenhei no avião, na ida pra Las Vegas. Fiz a arte-final de uma página inteira do Residiuum. Não foi muito confortável e tenho certeza que ter feito isso num assento de avião, todo espremido, não ajudou. Não fiz mais nada durante os passeios, mas já de volta terminei as três páginas que faltavam e hoje começo o capítulo 3. No computador e na Huion.
Eu sei que é questão de tempo e prática. No momento, a sensação é de estar usando dois idiomas diferentes pra dizer as mesmas coisas, só que um é mais difícil que o outro. Eita, é igual a morar aqui! Saber bem o inglês e entender mais ou menos a cultura não torna as coisas menos desconfortáveis: é um processo de adaptação contínuo e longo.
A coisa é que muito é igual e muito é diferente, e para começar a fazer essa adaptação é preciso estar disposto a ela e entender que tem coisa que leva tempo e pode mesmo nem ser permanente. Será que vou migrar pro Ipad definitivamente e não precisar mais de um display? Será qua a praticidade de um laptop vai vencer a estabilidade de um desktop? Será que vamos morar nos EUA por muito mais anos…? Veremos.
…
Será que eu contei?
A Monica renovou o programa do Leitorado para mais 2 anos, então nossa nova data de retorno ao Brasil é 2026. Se nada que mude tudo acontecer no meio do caminho.
Estamos indo pro Brasil no fim dessa semana pra resolver a renovação do visto (finalmente!). Vai ser uma estadia curta e meio dedicada a essas burocracias, mas vai ser bom rever quem der pra ver e sentir a cultura e o carinho de perto.
Ah, claro, vou levar o Ipad porque preciso continuar trabalhando. Adaptar ou perecer.
DA PRANCHETA
Durante a viagem, com tanta coisa acontecendo, eu esqueci completamente de mandar um videozinho dando parabéns pra Pandora Escola de Arte, que completou 26 anos esse mês. Pedi desculpas pro Ricardo, meu ex-chefinho e conversamos um pouco. Mostrei uma foto do Monument Valley e ele disse que seria massa ver aquilo no meu traço. Eu disse que tenho desenhado muito pouco pra mim, muito pouco tradicional. Ele disse “você ficar sem desenhar é um sacrilégio”.
Fiquei honrado com isso, não pensando no elogio implícito, mas em como é triste que quando uma pessoa vai deixando de fazer as coisas que mais ama. Eu amo desenhar e como meu trabalho sempre esteve conectado a desenho, as linhas entre emprego, projeto, diversão e pesquisa se borram. Coloca prazos e dinheiro no meio disso e as prioridades vão se estabelecendo. De fato, eu ando desenhando muito pouco pra mim e por mim e sempre coloco a “culpa” no tempo e no espaço (mentais e físicos).
Pois nesse último fim de semana, sentei na prancheta com meu caderno e desenhei um monte de coisas inspiradas nas paisagens que vi na viagem. Fiquei tão impressionado com tudo! E imagens ficaram na minha cabeça, cores, texturas, blocos de luz e sombra e a magnitude de tudo aquilo. Precisava mesmo transferir essas imagens pro papel. Só aqui dentro não é suficiente. E foi ótimo!
Então, aqui vão alguns desses desenhos:
SKETCHBOOK TOUR
Saiu mais um vídeo no canal! Outro episódio da série onde mostro todas as páginas de um dos meus cadernos de desenho. Dessa vez é um mais recente, o de número 60, sequência direta do último vídeo publicado dessa série.
Geralmente, tento avisar você pela carta com antecedência sobre os novos vídeos, mas como as cartas têm sido mais espaçadas, estou optando por usar as Notes do Substack para avisar coisas mais pontuais. Fique de olho!