É isso, continuamos a série de aniversários de projetos passados que entram na casa das dezenas. Começou com a série Pieces (começou em 2004, foi publicada em 2009), passou por Dom Casmurro (comecei em 2008 e publicamos em 2013), Terapia (começou em 2011, primeiro livro saiu em 2013)… Agora chegou a hora de mais um.
O TEMPO MEDIDO EM DÉCADAS
O tempo passa muito rápido. Pisquei os olhos (talvez por um tempo longo demais) e comecei a comemorar aniversários de décadas dos meus projetos... Em 2024, são 10 anos da publicação de Morphine. Essa foi minha primeira HQ longa depois de anos fazendo só histórias curtas. Nasceu da ideia de criar a quarta edição de Pieces, com algumas HQs curtas e não relacionadas, pra seguir a proposta da série.
Mas essa ideia evoluiu quando pensei que poderia fazer as HQs terem uma sequência específica e se passarem nos mesmos ambientes, mais especificamente o bar Morphine. E que os personagens de uma história poderiam aparecer na outra, e quando vi estava entrelaçando as histórias individuais e percebi que ficaria bem mais legal se trabalhasse com os mesmos personagens em uma narrativa longa. Assim a colcha de retalhos virou uma história maior.
No meu canal do YouTube, você encontra um vídeo da série Revisitando Pieces onde falo desse processo criativo:
Morphine é uma história sobre relacionamentos e ausências. Sobre encontros e desencontros. Os personagens precisam lidar com as consequências de suas ações e de suas omissões, não numa escala gigante, mas local e intimista. Tem muito de mim e de amigos naqueles personagens. Muito do que acontece em Morphine é baseado em fatos reais. A vida daqueles pré-adultos mostra um pouco de como era navegar aquela época, antes das redes e apps ocuparem tudo e mudarem as formas de se relacionar.
Eu já me peguei pensando que Morphine talvez não funcione pra um público que tem hoje a idade dos personagens. Ou talvez funcione, porque apesar de eles não estarem no Tinder ou trocando áudio no Zap o tempo todo, os dilemas deles são meio que atemporais.
E agora, um clichê: muita coisa mudou nesses 10 anos. Mudaram as formas com que os jovens se relacionam, o uso do celular e redes sociais. E o autor. Mudou muito o autor. Claro, em uma década é difícil não mudar. Saí dos vinte, entrei nos trinta e nesse ano, cheguei a quarenta. O Mario que idealizou as cenas que iriam compor a história longa não era o mesmo cara que produziu de fato o livro, e nem o que vendeu esse trabalho por anos até esgotar e reeditou tudo pra uma edição digital no FunkToon que virou essa edição especial de aniversário.
A história de fato não mudou nada. Fiz uns ajustes na arte e no texto, mas o coração dela permanece intacto. A mensagem que quis passar, hoje muito melhor entendida e processada, continua lá. E ainda gosto muito dessa HQ. Uma mudança considerável foi no logo do título: sai o ambigrama difícil de entender em favor de um mais direto ao ponto.
(Um ambigrama é uma palavra escrita/desenhada de forma que seja idêntica vista tanto assim quanto de ponta-cabeça - por exemplo, o M e o E são desenhos iguais, o Oe o N, e por aí vai.)
Para comemorar esse aniversário, preparei algo especial. Já está disponível, na minha loja virtual, a edição comemorativa digital! Sim, digital, porque a edição impressa já esgotou (pelo menos, comigo). Ano passado, publiquei uma reedição de Morphine no FUNKTOON, adaptada ao formato de leitura de tripa (ou scrolling, ou pergaminho, popularizada pelo WebToon e adequada para leitura no celular). Conforme ia trabalhando nessa adaptação, fui mexendo um pouco no texto e acredito que a versão final é a mais próxima do que seria uma “versão do diretor”, hehe. E é essa versão que você encontra na loja.
Se você já leu Morphine, é um bom momento e motivo para uma releitura. Se você nunca leu, é sua oportunidade de conhecer a balada/bar Morphine, Lennon, Lara, Bruno, Alex e Diana (e também os playboyzinhos da balada e o mendigo). E, pra fechar com chave de ouro, porque você assina a newsletter, tem o cupom NIVER10 pra ganhar 50% de desconto no ebook (que já é baratinho!). Aproveita! E depois me conta o que achou.
Em tempo: Morphine tem uma trilha sonora! Fiz uma playlist atualizada no Spotify com tudo na ordem.
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LITERATURA BRASILEIRA EM FOCO NOS EUA
Essa semana tenho a honra de participar do FOCUS BRASIL NY – VI ENCONTRO MUNDIAL DE LITERATURA BRASILEIRA, para um bate-papo sobre quadrinhos e a relação disso tudo com a literatura! E logo após o painel, vai rolar o lançamento de TEARDROP, meu quadrinhos mais recente em inglês.
PAINEL: “HISTÓRIAS EM QUADRINHOS: FORMA & ENREDO”
Participantes:
Calé Mazza – Animador e Ilustrador – UK
Mario Cau – Quadrinista e ilustrador – NY
Yael Berstein - Editora Cultural e Ilustradora – NY
Mediadora: Nereide Santa Rosa
Dia 14 de NOV | 1:30PM (NY)
Local: Consulado-Geral do Brasil em NY (225 E 41st St, New York, NY 10017)
Saiba mais sobre o evento e os participantes AQUI.
BRASIL, ME AGUARDE!
Tá chegando a hora!
Enquanto corro (com qualidade) pra terminar a arte-final da graphic novel do Projeto INKS, começam os preparativos para a CCXP, maior evento de cultura pop brasileiro.
Nessa volta tão aguardada pro Brasil e pros eventos, divido a mesa K19-20 com o Rapha Pinheiro, e estaremosao lado da mesa doa queridoa Lucas Oda e Janis!
Na minha mesa, os quadrinhos e prints recebem as novidades: artes originais, pin limitado e exemplares de Teardrop e Vincent In Pieces, além do lançamento de Residiuum - Tales of Coral, HQ da Iron Studios na qual fiz arte-final! Se você curte meu trabalho e tá com saudades, apareça pra dar um abraço porque provavelmente vai ser meu único evento desse ano e por boa parte de 2025.
BY THE WAY, o Projeto INKS continua secreto, mas de vez em quando eu mostro umas amostras aqui e ali. Estou louco para mostrar essa HQ pra vocês. Eu sou o arte-finalista, então não é bem o meu desenho lá, mas como o desenhista tem um traço super solto, eu acabo colocando muito de mim na arte-final:
Aproveitando, contagem regressiva da arte-final do Projeto INKS: 200 de 218!
OS EXPLORADORES CHEGARAM!
Um tempinho atrás, falei sobre um projeto didático muito legal que fiz com o Consulado do Brasil em Nova York. E agora o livro que reúne esse material, juntamente com exemplos do que as crianças produziram e alguns relatos de processo criativo meus, está disponível na Amazon dos EUA.
DA PRANCHETA:
Continuo desenhando pouco pra mim, apesar de desenhar muito pros outros. Aqui vai algo do caderno que foi feito recentemente. É um rascunho pra uma HQ, uma ideia de história que há anos está no fundo da cabeça. Eu queria fazer essa HQ curta para um concurso do Clip Studio, mas já vi que o prazo não vai dar. Quem abe ano que vem?