Oi! Tudo certo? Por aqui, tudo certo. Muita coisa acontecendo numa semana agitada. Teve de tudo e tava bão demais. Os projetos seguem se intercalando em doses pequenas mas satisfatórias. É preciso gerenciar as expectativas pra não achar que o que é feito é pouco e insuficiente. Todo passo pra frente é positivo. Qualquer desenho é melhor que nenhum desenho. Enquanto os prazos são leves, que haja leveza.
DIÁRIO DA AUSÊNCIA - Parte 4 - COLEÇÃO DE VAZIOS
Um título é um título, afinal
Quando falo sobre "Partes do Todo" (de 2016), especialmente em eventos, onde o pitch de venda tem que ser mais sintético e interessante, muito é sobre ser uma coleção de histórias curtas sobre momentos da vida real, com um olhar poético e intimista sobre relacionamentos, e principalmente que esse livro em especial é todo sobre ausência. Tipos diferentes de ausência, sim, e sobre afeto, que é o fio condutor quase que literal do livro (todas as HQs apresentam uma linha sinuosa e dançante pelas páginas, que as interliga tematicamente enquanto interliga os personagens e suas relações.
Muitas das outras HQs da série, que saíram em outros livros, também são sobre isso de alguma forma. Ausências, a peça que falta, a busca por algo que te torne completo. A potencial poesia e beleza do não conseguir, de não atingir, de não conectar… e a conexão que existe mesmo assim, mesmo quando não se realiza de fato e permanece no campo da fantasia. Pela temática, a maioria das HQs de “Partes do Todo” poderia entrar nesse novo livro, e mais algumas.
O tema estava definido. É sobre diversos tipos de ausência e como a gente lida com elas, com aquela pegada introspectiva, poética e meio melancólica de Pieces. Absence, por incrível que pareça, já tinha tema, título e uma pré-seleção de histórias antes mesmo de Teardrop começar a ser editada…
Este livro é uma coleção de ausências, e daí tirei os dois possíveis subtítulos: “Uma coleção de espaços vazios” ou “Uma série de pedaços faltantes”. Em inglês, “A Collection of Missing Pieces” ou “A Series of Empty Spaces”? Ou uma combinação dos termos?
Primeiros registros da ideia pra capa de Absence, lá pro meio de 2024, que remete aos primeiros rascunhos para a capa de Pieces 3 de 2010, e à ideia da capa de Partes do Todo.
Conversando com a Monica, chegamos à conclusão que “A Collection of Missing Pieces” era a melhor. Imagine uma coleção de peças faltantes. Colecionar envolve pesquisar, reunir, guardar, expor. Uma coleção de ausências é interessante justamente porque uma ausência é uma falta, um vazio, algo que não está lá. Colecionar algo que não tem forma física é uma antítese interessante. Sem contar que usar o termo “pieces” funciona como menção ao nome da série original, como sinônimo para cada HQ (e para cada pedaço de vida mostrado) e por fim como menção ao quebra-cabeça, que metaforicamente e talvez literalmente, é parte da poética da série.
Voltando a pensar na capa, janeiro de 2025.
Retomar a série mais uma vez, com a maturidade atual, é mais um aspecto interessante pra mim dessa publicação. Reler as HQs, relembrar o que as inspirou e como a vida aconteceu apesar ou por causa delas… Julgar com um olhar mais crítico e tentar separar ego, afeto, técnica, validade, mensagem… E também, a possibilidade de redesenhar e, consequentemente, refletir sobre tudo que aquela história representa.
Agora, selecionando as HQs… Quais serão e em que ordem?
—— Continua na próxima edição. ——
Lápis da capa de Absence (logo conversamos mais sobre esse assunto)
DANIEL, MUITO OBRIGADO!
Na semana passada fui surpreendido com uma novidade aqui do Substack: um leitor da newsletter quer migrar para uma assinatura paga! Esse sistema do Substack, que eu não ativei ainda, permite que a newsletter receba assinaturas gratuitas e pagas, e no caso eu poderia criar conteúdos exclusivos para os pagantes.
Confesso que até então eu não tinha ativado essa possibilidade por achar que não fazia sentido restringir publicações para um público pagante muito pequeno (se é que existente), e abrir a possibilidade de receber dinheiro sem oferecer algo exclusivo em troca me parecia injusto. Um dos motivos, aliás, que me segurou até hoje de abrir uma campanha estilo Apoia-se, por exemplo. Há interesse? Como eu faria para manter conteúdos gratuitos e ao mesmo tempo preparar material exclusivo?
Esse é mais um dos meus já clássicos loopings infinitos do multiverso da loucura, onde uma sequência de argumentos se intercalam e nada se resolve, só se mantém as dúvidas iniciais. Você que me conhece um pouco melhor meio que sabe o quanto eu “perco tempo e energia” com certos questionamentos que, sei lá, eu não deveria ter a essa altura do campeonato, e gosto de ser honesto com vocês (este espaço, aliás, é para isso - uma visão mais intimista do meu trabalho) quando digo que ao mesmo tempo que confio no taco e queria produzir mais coisas para uma assinatura paga, tenho grandes dúvidas se isso faz sentido e daria algum resultado satisfatório. O caso é que cada caso é um caso e ninguém sabe nada até tentar, não é?
Enfim, quero agradecer publicamente o Daniel, que se ofereceu para assinar a Quebra-Cabeça! Eu fico lisonjeado, de verdade! Acho que esse era o sinal que eu esperava para ativar a modalidade de assinatura paga na newsletter, mesmo que, a princípio, não haverá diferença no que eu ofereço aos leitores. Então, assim que eu entender como isso funciona, você poderá assinar a Quebra-Cabeça com um apoio financeiro mensal, que será muito especial pra mim de várias formas.
O que pode vir depois, por causa disso, agora se torna mais possível. Acho que é uma das coisas que caraterizam uma fase nova em 2025!
Daniel, baita abraço e muito obrigado pelo carinho, força e confiança.
DOIS ARTISTAS NO SERTÃO
Ano passado, participei de um evento do Sertão, no Brooklyn, em NY, com o violonista Edu Gutterres. Ele tocou algumas peças e falou de sua relação com elas. Eu dei uma palestrinha sobre quadrinhos e minha relação com minhas HQs e escolhas estéticas. Depois, a gente sentou com o Octavio Deluchi, nosso mediador, pra um bate-papo muito legal sobre nossas experiências de vida e arte e descobrimos quanta coisa em comum nós dois temos!
O vídeo sai no meu canal em breve, mas você já pode assistir por este link, ou na imagem abaixo!
DA PRANCHETA
Tenho desenhado bastante nos últimos dias! Seja pra aquecer antes de desenhar umas páginas novas, seja pra desacelerar depois delas, o que importa é desenhar pela diversão e sem grandes expectativas. Dá uma olhada em alguns:
Sim, a gente conseguiu assistir Chicago na Broadway recentemente! Foi excelente!
Para ler todas as edições anteriores:
ARQUIVO QUEBRA-CABEÇA