Ei, estamos de volta e com boas notícias! Meu novo livro, publicação independente aqui nos EUA, foi ontem pra gráfica! Absence está mais perto de ser uma realidade!
Como você deve ter percebido, os textos da produção foram escritos um tempo atrás, em tempo real enquanto trabalhava no livro, mas estão sendo publicados em capítulos, já desconectados do momento. Então, ao mesmo tempo em que você lê a Parte 7, o livro já está pronto e foi pra gráfica. Acompanhar dois momentos distintos da cronologia desse projeto vai acabar te dando spoilers, mas fazer o quê, né?
Diário da Ausência - Parte 7
O FORMATO DA MINHA DÚVIDA
Encaixa certinho no buraco do tempo
Foi aqui que o bicho pegou.
Enquanto escrevo esse texto, ainda não tenho uma resposta. E, sem essa resposta, o trabalho meio que fica estagnado. A questão é que é preciso determinar o formato do livro. Só assim eu posso criar o arquivo no InDesign e montar o livro para depois gerar o PDF da gráfica. Também, sem o formato do livro, eu não consigo resolver a questão do em inglês, porque as páginas precisam estar diagramadas no formato certo pra receberem os balões e recordatórios.
Eis o dilema: Vincent in Pieces foi impresso no formato US Trade, 6" x 9", o mesmo formato dos meus livros da série Pieces no Brasil. Isso em tese facilita muito, porque tenho os arquivos em alta resolução das páginas dessas HQs já no formato exato que preciso, inclusive no arquivo de Illustrator com os balões. Ou seja, em praticamente todas as HQs, é só uma questão de mudar o texto para inglês. É um formato intimista e próximo dos livros e comics de YA que chamam muita atenção dos leitores aqui.
Teardrop é um pouco maior, no formato Golden Age, 7.38" x 10.25", um formato que eu já tinha experimentado nos meus portfólios para NYCC 2023. Acho um formato elegante, nas proporções de um álbum europeu, mas menor em escala. Em termos de arte, esse formato é muito benéfico. A leitura é muito boa e a fonte usada nos balões tem ótima leitura sem ocupar espaço demais.
Escolher o primeiro formato seria absurdamente otimizado em termos de produção editorial, porque eu não teria trabalho em adaptar o formato das páginas e letreirar tudo do zero. esse formato faria par com Vincent e com os outros títulos brasileiros, mas deixa Teardrop como uma experiência à parte. O problema é que, pensando em termos editoriais e temáticos, Absence tem muito mais a ver com Teardrop do que com Vincent.
Enquanto as minhocas tentam entender a questão editorial e temática, vamos pensar na questão financeira. Quanto custa para produzir e o valor percebido do produto.
Até o momento, vou imprimir esse livro com a mesma gráfica dos outros dois, a Mixam. Gosto demais do que eles fazem e o custo é menor do que as outras duas gráficas indicadas pra esse tipo de projeto. Assim como algumas gráficas brasileiras, é possível configurar seu produto no site e já ver o custo dele. A princípio, achei que os dois formatos teriam custos diferentes (provavelmente, o formato Vincent seria mais barato que o Teardrop), mas fui surpreendido: nos dois casos, com a exata mesma configuração de tipo de papel, quantidade de páginas, cores e etc, os dois formatos custam exatamente a mesma coisa. Então, essa questão não me ajuda muito a decidir.
Por outro lado, vem a questão do valor percebido do produto. É que nós, enquanto consumidores, vemos os produtos e normalmente estabelecemos um intervalo de preço que nos parece justo, baseado no que estamos vendo e sentindo e no nosso conhecimento de coisas do mesmo tipo. Isso depende do poder aquisitivo, do seu repertório, se você é mão de vaca ou gastão…
O fato desse projeto resultar num livrinho com lombada quadrada já estabelece um valor percebido maior do que seus irmãos, que são grampeados (lombada canoa). Ao mesmo tempo, a gente vê nos eventos e lojas que tamanho, formato, quantidade de páginas e tantas outras características não determinam o preço de nada: não há padrão na indústria, muito menos no mundo independente. Uai.
Bom, enquanto estou aqui tentando encontrar a melhor saída, quase tudo fica em stand by. O que eu posso fazer enquanto isso? Traduzir as HQs, escrever prefácio, atualizar minha bio, ver se redesenho alguma HQ… E a capa! E tudo isso precisa caber dentro de um cronograma que não seja desesperador.
Então, eu preciso mesmo definir o formato do livro. Enquanto trabalhava em tudo, uma sequência de pensamentos virava looping. Falei sobre os dois formatos possíveis e seus prós e contras. A Monica acha que eu devia fazer o formato de Vincent, porque é mais fácil. Eu aceito essa opinião, faz todo sentido. Mas tem algo que não me parece certo ainda.
Agora, ressurgiu algo que escrevi aqui antes: editorialmente falando, em termos de conteúdo e proposta, Absence é muito mais alinhado a Teardrop do que a Vincent. É uma antologia temática com HQs curtas. Vincent é uma narrativa focada em um personagem com começo, meio e fim.
Além disso, um livro de lombada quadrada “maior” tem maior valor percebido como produto. E, vai que no futuro o mundo me joga a alternativa, eu posso redimensionar as páginas pro formato menor, enquanto o contrário não funciona.
Por mais que eu não queira ter mais trabalho, me parece que a decisão está tomada. E já que é pra ter trabalho, vamos lá redesenhar umas coisas, porque não é benéfico pra mim ter um monte de trabalhos esteticamente desatualizados.
— Continua na próxima edição —
CERTEZAS E VAZIOS
Então, obviamente tudo isso se resolver faz tempo, e a capa já foi feita e finalizada. Quer dar uma olhada? Leitores da newsletter estão vendo isso antes de todo mundo!
Agora, a arte completa, indo até a 4a capa.
Comecei pensando em silhuetas de pessoa genérica, mas logo decidi usar o casal de garotas da HQ “Saudade” (que antes chamava “A Distância”), numa releitura da capa de Partes do Todo:
Abaixo, alguns rascunhos do processo criativo da capa:
Quando cheguei à ideia de preencher o fundo com rostos de pessoas - e aí, personagens das HQs - as coisas encaixaram perfeitamente. Eu gosto, e você?
Este é o logo do título, que eu desenvolvi pensando em sugerir uma forma a partir de pequenos pedacinhos e um espaço negativo. Fica difícil de ler? Claro que sim, mas faz sentido com o tema (e ainda muito mais fácil de entender do que o logo original de Morphine…)
Bom, é isso! Nos falamos mais na próxima.
Para ler todas as edições anteriores:
ARQUIVO QUEBRA-CABEÇA
Gostei desse monstrinho no canto da página!