Senta que lá vem história! Alerta de Textão! Corrão!
Depois de adiar a escrita desse texto, ele saiu. É o último capítulo de Diário da Ausência, que pra ser bem sincero, se tornou algo que já nem é mais só sobre Absence. A reflexão sobre autobiografia no meu trabalho, tema desse capítulo, é algo que me pega há muito tempo, mas nunca tinha parado pra escrever algo assim (pelo menos, não publicamente). E acho que foi bom ter esperado, porque coisas que aconteceram nos últimos dias foram cruciais pra chegar a algumas conclusões.
Esse tema de escrever e desenhar histórias autobiográficas voltou na produção de Absence e pela primeira vez em um tempão fui confrontado com questões importantes. Foi, também, quando finalmente cheguei a conclusões interessantes que me fizeram sentir como um artista um pouco melhor do que eu era antes. A experiência artística aqui nos EUA tem me ensinado (e reensinado) coisas importantes sobre mim, meu trabalho e meu processo criativo e aqui vai uma reflexão que tenta explicar essa coisa toda.
DIÁRIO DA AUSÊNCIA - Parte 12
ESPELHOS
A verdade absoluta não existe, e tudo bem.
Passamos dirigindo por uma fileira de carros na rua. O primeiro tinha uma plaquinha pendurada no retrovisor escrito “funeral”. Todos os carros atrás estavam com pisca-alerta ligados. A Monica comentou que era “sorte” a pessoa ter falecido num dia tão bonito (o dia realmente estava lindo), como algo poético. Comentei sobre o clichê do funeral e enterro em dia chuvoso. Então, ela lembrou da HQ da Batatinha (“Chorai por Nós”, que saiu em Parte de Mim e em Teardrop, rebatizada de “Rain for Us”), que mostra justamente um diálogo sobre dias chuvosos com enterros.
Então, ela disse: “Quer dizer… a MINHA história, não da Batatinha. Se bem que agora é dela.”
Conversamos um pouco sobre isso, desenrolando mais o tema. A história que ela me contou anos atrás, sobre algo de sua infância, virou uma HQ. Era a história dela (vivida por ela), que virou uma história minha (feita por mim) e que agora é uma história da Batatinha (a personagem nas páginas). Quando é lida por alguém, se torna a história do leitor. E a Monica ainda refletiu sobre nem ter certeza absoluta se aquilo aconteceu daquela forma, se o que me contou era uma lembrança clara ou uma fabricação a partir de outras lembranças.
Respondendo, eu elaborei meu ponto de vista: acho que não é possível comunicar as coisas de forma imparcial. Se no jornalismo e na História, onde supostamente se espera isenção e imparcialidade, é difícil, imagina na vida normal das pessoas. Digamos que o jornalismo, sim, deveria ser totalmente isento de viés, seria informação pura. Mas essa informação é passada, adquirida, experienciada por pessoas e, depois, é relatada, escrita e editada por pessoas (pelo menos, ainda). E só por isso, já é complicado haver essa imparcialidade. Claro, também existe o jornalismo e a historiografia feitos com vieses diversos e com objetivos diversos, nem vamos entrar nesse assunto.
A questão é que tudo que nós contamos é editado. O que dizemos pros outros e o que dizemos a nós mesmos passa por processos internos de diversos níveis. Mesmo quando você fala com um confidente ou escreve no seu diário, você não está relatando a verdade completa. Mesmo tentando fazer isso em tempo real e sendo o mais detalhista possível, não tem como. E vale lembrar que uma história contada dessa forma perde muita a graça: ninguém quer ou precisa mesmo saber a cor da camisa da pessoa que estava a dois metros de você na fila do caixa quando aconteceu aquela coisa engraçada - a não ser que essa informação seja crucial pra narrativa.
Quando escrevemos autobiografias, então, é parecido com isso. Nenhuma autobiografia é completa em termos da verdade, pode apenas ser completa enquanto relato editado da experiência de uma pessoa (a própria que viveu a vida relatada). Mesmo assim, nenhuma autobiografia inclui 100% da vida de seu autor (não tem como e não precisa). Então, quando penso nas histórias autobiográficas que já fiz, especialmente se as revisito depois de um tempo, percebo que a pessoa que viveu aqueles fatos não era a mesma que fez a história baseada neles, e muito menos a que está relendo anos depois (ainda bem, né?). A autobiografia mais honesta e completa ainda é meio que uma autoficção, se formos pensar bem.
Não somos constituídos por verdades, e sim por narrativas. Nossa experiência de vida é construída nos fatos do presente e solidificada em lembranças e histórias que têm graus diversos de confiabilidade, mesmo se tivermos uma boa memória e formos sinceros ao contar. Todo relato é uma edição, tudo é narrativa, tudo é uma história que se conta de acordo com as intenções e expectativas de quem conta e de quem ouve. O mesmo vale pra uma obra de arte ou de entretenimento.
A Carol Bensimon citou, em sua newsletter, Shohaku Okumura: “O momento presente é inapreensível embora seja o único momento real da experiência”. Quando piscamos os olhos, o agora acabou, virou passado (talvez uma memória, uma história) e um novo agora está acontecendo… A verdade é objetiva demais pra gente dar conta. Nossa percepção do que acontece à nossa volta é algo individual, porque ao processarmos a verdade imparável, todo nosso ser perpassa essa experiência. Cada vivência é única, apesar da verdade objetiva ser uma só, que ninguém consegue contemplar inteiramente. É tudo uma questão de perspectiva, não só a do olhar (a câmera), mas também do repertório interno, dos mais animais e biológicos aos mais psicológicos.
Então, quando se decide fazer uma obra autobiográfica, é preciso entender que existe controle e escolha sobre a informação que se passa, que existe edição e ritmo, que é possível manipular a informação para que o relato se torne mais interessante pro interlocutor… E aí, já estamos no meio do degradê para a autoficção.
Ultimamente, percebi uma coisa interessante sobre um dos meus trabalhos que acabou sendo incorporado ao seu pitch de venda: Vincent in pieces, que lancei aqui reunindo as duas HQs dele, “é um trabalho autobiográfico… que não é sobre mim”. É sobre uma pessoa que eu nem conheço. Mais especificamente, e aprofundando, talvez seja mais sobre os sentimentos e reflexões que eu tive por causa daquela pessoa, mas não é só sobre mim. A segunda HQ tem mais de mim e isso fica claro, mas ainda é uma reflexão sobre o ato de criar histórias a partir da experiência com o outro, que se torna personagem na nossa história (vida), e nos faz perceber que nós somos personagens na vida de tantos outros. Os personagens são seres que criamos pra comunicar ideias e expressar sentimentos. Mesmo quando eles são nós, ou quando nós somos eles.
Nos últimos anos, tive diversos momentos de questionamento sobre autobiografia, autoficção e ficção no meu trabalho. Já fiz os três. Sei que ficção costuma incluir muita coisa do autor, também. É mais legal quando é assim, quando o artista se coloca na obra, até porque se não for assim, qual a graça? Uma das minhas neuras com fazer HQ inspirada nas minhas vivências foi num momento que eu lembro bem (e que, seguindo o que escrevi acima, vou relatar e não temos como saber se é 100% fiel à verdade do momento, é o que eu lembro e como eu escolho contar hoje).
Era 2008, acho, e eu estava num churrasco de formatura da ex-namorada. No meio de diversas conversas, eu falei que fazia quadrinhos e acabei mostrando umas histórias pros amigos dela. Entre elas, tinha “De Passagem”, que fiz lá por 2006, quando estava solteiro, e era totalmente autobiográfica, mostrando o personagem Mario encontrando a crush da época na universidade e sendo um total bobalhão. Clássico Pieces.
Naquele churrasco, anos depois, alguém perguntou pra minha namorada da época se ela não ficava incomodada por eu fazer uma HQ assim sobre outra garota. Ela era muito ciumenta, não lembro qual foi sua resposta, mas talvez ela entendesse o que expliquei pra eles: essa HQ foi feita anos atrás, era outro momento e eu estou em outro lugar da vida agora (era feliz de verdade? Acho que não, mas enfim). Só que isso não elimina que eu fiz essa HQ, que ela existe, ainda acho uma boa história e quando puder, poderia publicar. Essa HQ saiu em Pieces #1, em 2009, poucos meses antes de eu terminar aquele relacionamento. Foi republicada, com texto revisado (na minha opinião, melhor), em 2021 em Parte de Mim.
Em outros momentos, eu fiz HQs autobiográficas e autoficcionais e sempre ficava com essa pulga atrás da orelha. Quanto de mim estou expondo, quanto isso é legal de fazer com as pessoas envolvidas na história, quanto isso pode incomodar a pessoa com quem eu porventura estivesse me relacionando naquele momento. Lembro, por exemplo, do meu pai me perguntando sobre um trecho de Terapia, Capítulo 6, como se aquilo fosse autobiográfico (mesmo o personagem claramente não sendo eu): “Quando foi que isso aconteceu, Mario? Eu não lembro disso”. Ficava pensando se alguém vai pegar um trabalho meu, de 10, 15, 20 anos atrás, e vai presumir que aquilo é recente ou que aquilo que foi narrado ainda é o que norteia minha vida, minhas opiniões, meus valores, que aquilo é inspirado na minha vida real mesmo quando não é assumidamente autobiográfico…?
Optei por fazer algumas histórias como ficção, mesmo quando eram inspiradas em “fatos reais”, pelo motivo de “não me comprometer” e também porque era possível costurar muito melhor as histórias e temas quando essa condição era removida. É o caso, por exemplo, de Morphine. Quase tudo lá tem níveis diversos de autobiografia, mas essas experiências foram manipuladas para melhor servir a história e os personagens. É inspiração e não relato fiel.
Passei muito tempo focado em projetos grandes, onde além de fazer em parceria com roteiristas, havia um pouco de mim em vários lugares, mas em histórias claramente não autobiográficas ou autoficcionais: Dom Casmurro, Quando a noite fecha os olhos, Monstruário, Terapia… Sobrava pouco tempo pra fazer um projeto solo, e consegui encaixar, em 2016, uma edição de Pieces inéditas pra Jupati Books. A primeira HQ era “Mais uma Dose - Parte 1”, que era antiga e que você já conhece bem desse diário. Feita 100% autobiográfica, teve uma Parte 2 feita anos depois pra esse livro, que não é autobiográfica, talvez um pouco autoficcional, apesar de eu dizer que não sou o personagem principal (mesmo ele sendo a minha cara)... Complicado. Foi nesse livro, também, que saiu a primeira HQ do Vincent, que tem eu e a Monica como personagens, uma HQ sobre relacionamento à distância inspirada em nosso começo de namoro e a primeira história da Batatinha, inspirada por lembranças da Mo.
Eu brincava dizendo que eram histórias de “autoficção semiautobiográfica”. Era um retorno à experiência da narrativa “baseada livremente em fatos”. Depois, parei de novo. E voltei. Dá pra pensar que com a vida se desenrolando, mudando e evoluindo, as coisas que costumavam inspirar os primeiros anos de Pieces foram parando de acontecer, dando lugar a outras coisas que eram mais interessantes de viver do que de ruminar e transformar em HQ.
Nos últimos anos, o trabalho amadureceu mais, o autor também, o mundo mudou muito e passei (passamos) por umas fases bem complicadas. Acho que de 2018 pra frente foi bem clara essa queda gradual de mojo e fé no trabalho, mesmo nunca tendo parado de produzir. Questionei muito a autobiografia quando pensava em retomar a série Pieces ou me comprometer com a série da Vida Real dos Pinguins. Minha vida é realmente interessante a ponto de virar HQ? Será que ela já foi? Aquele monte de HQ produzida nos anos anteriores eram tão relevantes pro mundo quando eu achava que eram pra mim? Isso importa?
E, em meio a tantos biruleibes e minhocas na cabeça, vi as sucessões (e sucessos) de vários autores, especialmente nas redes sociais, com trabalhos autobiográficos ou mesmo autoficcionais. Enquanto eu questionava a validade e relevância do meu trabalho, eles estavam lá, de peito aberto, divertindo, emocionando e provocando o público. Eu tenho muita curiosidade sobre processos criativos e a psicologia dos artistas, e adoraria entrevistar meus colegas pra entender a relação deles com suas obras. Talvez um dia eu faça isso. Fato é que eu cheguei ao ponto de duvidar da validade não só da autobiografia, mas também de toda potencial ficção que eu pudesse fazer: o que eu tenho de interessante pra contar? Qual é a relevância? Será que eu sei escrever sobre outras coisas? Será que meu ponto de vista importa dentro do ecossistema incrível e diverso dos quadrinhos atuais?
Bom, uma coisa positiva: apesar de ainda pensar demais e acabar em loopings idiotas, já superei isso em grande parte e hoje em dia essas neuras não me aflige tanto.
Retomando, queria falar sobre o BICS, evento de HQ independente no Brooklyn, onde participei com mesa do artist’s alley. Foi um evento muito bacana, conheci muita gente interessante e revi alguns outros conhecidos, o de sempre. Mas como foi meio fraco de venda e público, no tempo livre refleti muito sobre a identidade dos artistas, o que eles produzem, como se apresentam e tudo mais. Era um grupo de artistas muito, muito diverso em todos os sentidos. Estilos, sexualidade, idade, etnias, nacionalidades… E seus trabalhos, muitas vezes, refletiam essa individualidade.
A gente sabe que cada artista tem (ou busca ter) uma identidade visual e às vezes temática e acaba se tornando um tipo de “personagem”, seu “eu artístico”, a persona pública que não é necessariamente 100% a pessoa “real” que vive no “mundo real” (muitas aspas, eu sei). Eu sempre prezei por ser honesto enquanto artista, o Mario que você conhece na aula, palestra, mesa do evento é praticamente o mesmo Mario que meus amigos, familiares e esposa conhecem. Não 100%, porque ter essa “cara pública” já afeta a existência e termos como “performance” acabam permeando nossa atuação. Quem é artista e vive essa vida sabe do que estou falando. Nesse espaço, então, é possível construir um personagem pra si, que pode ser útil até para se proteger de algumas coisas. Mas estou divagando.
Enfim, prestando atenção nos meus vizinhos naquele corredor do BICS, e principalmente no cara do meu lado direito, a palavra que meio à mente e sintetizava o que senti a partir desses trabalhos, era UNAPOLOGETIC. A tradução para português costuma ser “sem remorso”, mas eu acho que não dá conta. É mais que isso, é algo sobre não ter medo de ser o que é. Ter sua verdade (não a objetiva, mas a que se torna objetiva por ser a verdade internalizada, a narrativa pessoal, meu deus, mil voltas, mil coisas) posta, expressada, sem medo, sem dó, sem concessões. Não de forma combativa, agressiva, apenas é o que é, honestamente. E eu achei isso lindo.
Do meu sketchbook, escrito nesse dia do evento junto da reflexão sobre o UNAPOLOETIC: “Quando foi que eu perdi isso?”
Claro, eu não PERDI perdi. Mas como disse, foram vários momentos estranhos de perder o mojo, o tesão, a energia criativa, a confiança inabalável, o instinto. Acho que tava tudo lá em algum lugar, mas as percepções mudam, o mundo muda e as coisas se complicam. As coisas mudam entre os despreocupados e energéticos 20 anos e a vida adulta em 2025. Pensei que eu não deveria ficar me questionando tanto sobre a validade e relevância do meu trabalho, eu deveria só continuar fazendo o que eu amo, do jeito que eu sei e gosto, como posso, expressando o que preciso. A batalha do ego pode ficar bem complicada, mas é preciso por o pé no chão e entender os motivos que nos levam a fazer o que fazemos. E fazer, de fato.
Outra coisa: eu também não sei qual é a condição real dessas pessoas. Eu vi tudo aquilo, alguns mais que outros, como essa marcação de espaço artístico, uma “exposição” bonita e assegurada de seus eus e suas obras, mas quem sabe o que realmente se passa por baixo da casca? Só o que temos acesso, como “público” na vida, é o que nos oferecem. O mesmo vale, veja só, pra autobiografia. Você só conhece o que o autor decidiu editar e compartilhar. Sendo o trabalho autobiográfico ou não, o que você vê é a escolha do artista sobre o que e como expressar e processar as coisas, com todas suas camadas.
Eu entendi que não preciso fazer um trabalho autobiográfico se não quiser. Se quiser, posso fazer. Se fizer sentido que seja assim, claro. Um exemplo, eu não acho que as HQs do Vincent funcionam se não forem autobiográficas. Mas no geral, eu entendi que posso contar histórias e elaborar minhas ideias sobre temas diversos sem necessariamente ter a mim mesmo como personagem. Um dos projetos futuros, que está em gestação aqui dentro, é justamente pra falar sobre poder e corrupção, e não tem nada de autobiográfico. Se pensar demais, a gente não faz nada, especialmente se nos deixarmos envenenar pela impressão de que nada que fazemos importa (o oposto de achar que tudo que fazemos é essencial, que vem muito da relação que temos com redes sociais, eu acho).
Enfim, é possível que esses artistas, meu colegas e amigos, nutram questionamentos como os meus, talvez piores, muito piores, paralisantes e destruidores, e que estar lá nos eventos já seja, por si, um baita desafio. Eu acredito que, pra estar nesse ambiente é preciso ter um tanto de autoconfiança e paixão. É muito difícil, emocionalmente falando (até financeiramente, vai), ter uma mesa e participar de eventos como estes, (especialmente se pensarmos na relação de precificação e produtificação do que chamamos de arte, mas isso é pra outro texto). Por isso dou muito valor, respeito e admiração por eles todos. Dou esse mesmo valor pra mim, também, sempre dei pelo menos um pouco. De certa forma, não costuma ser difícil, mas sei que pra muita gente é. Cada um com seu desafio. Mas ainda assim, lá. UNAPOLOGETIC.
É preciso (re)aprender com essa galera. Algumas coisas têm se formado em conclusões um pouco mais sólidas enquanto pesquiso sobre processos criativos na arte. Coisas que me ajudam a entender o meu próprio caminho, e os recaminhos que faço, por querer ou por precisar, na minha vida enquanto artista. Que refortalecem coisas que sinceramente, eu não queria que tivessem sido erodidas, mas enfim, foram, bora em frente entender e reconstruir. Algumas dessas coisas (e vou tentar ser sucinto porque esse textão já tá ão demais) são:
A arte que você produz só é possível porque você é você. Ninguém mais consegue fazer o que você faz (mesmo que haja um copista muito proficiente, não vai ter uma gota da poética).
A arte que você produz é resultado dos processos internos e das vivências. Se você não “vive”, vai te faltar inspiração. Se você não se permite processar o que vive e sente, não adianta nada.
Tudo que você aprende tecnicamente gera um repertório de possibilidades ímpar que vai ser posto em prático por esse indivíduo também ímpar.
O que você tem a dizer e expressar é válido, se for honesto. Só não vale se for machucar alguém.
Num mundo inundado de opiniões, muitas vezes replicadas de cópia da cópia da cópia, muitas vezes estúpidas, a sua tem validade, sim. Melhor ainda se for bem estruturada.
Muitas vezes a gente se deixa levar pelo que o público quer, quando a melhor coisa é fazer o que você quer e o público reagir a isso.
Sempre vai haver alguém, em algum lugar, que vai gostar e apreciar seu trabalho, que até precisa dele, do jeito que ele é.
Lembrar sempre da Teoria do Food Truck (elaborada em três vídeos aqui), que se resume a buscar fazer a arte mais honesta e pessoal para uma comunidade que realmente admira e quer consumir aquilo honestamente, e que possa crescer de acordo com as possibilidades mas sem perder essa chama. Não busque se tornar um McDonalds, colossal mas sem alma. Seja um baita food truck bacana.
Se a melhor forma de contar a história é com autobiografia, que seja. Faça o que for melhor pra história e que também seja gentil consigo mesmo.
Uma coisa de cada vez, respeitando a si mesmo e achando o equilíbrio entre conforto e desafio.
Se eles podem, eu posso.
Acho que é isso.
….
Aproveitando, deixo aqui esse TED Talk que assisti hoje antes de começar esse texto:
A newsletter da Carol Bensimon de onde tirei a citação
Meu vizinho de mesa no BICS, Giles Crawford.
Outra dica pra fortalecer as estruturas é o livro “O ato criativo - uma forma de ser”, do produtor musical e guru de criatividade Rick Rubin. Esse livro é muito interessante, mas tem umas coisas que me incomodam um pouquinho. Talvez em algum momento fale delas.
Queria agradecer aqui o meu querido amigo e mentor Laudo pelas conversas nas últimas semanas. Começou sobre precificação de arte original e foi parar em coisas muito profundas.
Ah, e fazer terapia. Ajuda muito.
Bom, é isso! Nos falamos mais na próxima.
Para ler todas as edições anteriores:
ARQUIVO QUEBRA-CABEÇA